quinta-feira, 1 de agosto de 2013

RESENHA DO LIVRO CAPITÃES DA AREIA


Pode ser forte, dramático e até beirar o pornográfico... mas eu confesso: eu AMO os livros do Jorge Amado. Já li vários, como Gabriela, Tieta, Dona Flor, Teresa Batista, O país do Carnaval e por aí vai. Comecei a admirar este autor (que junto com Jorge Orwell e Alexandre Dumas formam meus três autores favoritos) depois de uma viagem para Ilhéus-BA. Lá eu pude conhecer o Bar do Vesúvio, tão famoso na história de Gabriela, bem como o cabaret Bataclan. Conheci, também, a casa dele e sério, a admiração dos baianos por Jorge é tão grande que eu acabei voltando com esse sentimento também. E a partir daí comprei meu primeiro livro dele: A Morte e A Morte de Quincas Berro D’Água. Amei de paixão e aí vieram os demais até chegar neste livro que hoje vou resenhar para vocês.
Capitães da Areia teve sua primeira publicação em 1937 e desde então causou rebuliço. Sua primeira edição foi apreendida e os exemplares foram queimados em praça pública de Salvador por autoridades da ditadura. Só a partir de 1940 que vieram outras edições e o livro pôde ser lido legalmente. O sucesso foi tão grande que o livro ganhou adaptações para o rádio, teatro e cinema.
Na minha modesta opinião (de quem é apenas uma admiradora do trabalho deste grande autor), eu diria que Jorge Amado foi muito feliz ao criar esta obra. O livro gira em torno da triste realidade das crianças abandonadas. Sem ter com quem contar, sem carinho, sem dinheiro e sem educação, essas crianças são responsáveis por si mesmas desde sempre. Para sobreviverem, elas se envolvem em furtos, brigas, fugas da polícia (quando não são presas e “tratadas como homens feitos”). Na realidade, com apenas 10 anos ou menos, eles já são homens feitos, conhecendo todos truques dos pilantras, conhecendo a cidade na palma da mão, conhecendo o sexo precoce. Eu digo que Jorge Amado foi muito feliz ao criar esta obra, porque lá em 1937 ele conseguiu traduzir uma realidade que perdura até hoje, em 2013. A pobreza, a desigualdade social, a infância rompida desde cedo... tudo isso ainda é, infelizmente, uma realidade no nosso país.
Eu não chorei lendo Capitães da Areia, mas terminei este livro com um mega nó na garganta. Tantas e tantas vezes eu quis entrar no livro e ir lá para Salvador da década 30 fazer alguma coisa por Pedro Bala (o chefe do grupo), João Grande (o “negro bom”), Sem-Pernas (o menininho coxo e carente), Volta Seca (que tinha como herói o cangaceiro Lampião), Professor (único menino letrado no grupo), Pirulito (que queria ser padre), Gato (que com seu jeito malandro conquista uma prostituta), Boa Vida (o “gente boa”), Dora (a única menina do grupo, que se torna mãe e irmã de todos) e assim por diante. Fiquei pensando em quantas crianças estão representadas naquelas páginas, dormindo em um trapiche, sem teto, sem a mínima condição de higiene e sem amor.
Para não me estender demais neste post, apenas digo: LEIAM! Vale a pena!!! (Mas vale ressaltar que é um livro para "gente grande", pois é forte!!) Minha edição é da Companhia das Letras, do ano de 2008 e possui 296 páginas (e claro, não possui nenhum errinho de português; palmas para a CL novamente!!!). Não sei quanto custou, porque eu ganhei de presente (#oba!!! :D). Vamos às notinhas?


História: 5/5
Preço: Não se aplica
Tradução: Não se aplica
Revisão: 5/5
Capa: 5/5
Conclusão: Super, super, super indicado!

IsadoraTF

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