Já faz algum tempo que eu venho pensando em escrever sobre isso: a
pressão a que as mulheres estão submetidas nos dias atuais. Já li vários
artigos sobre o tema, já conversei diversas vezes com as minhas amigas sobre
este assunto e, na maioria das vezes, eu cheguei a uma mesma conclusão: as
mulheres estão cansadas, estressadas, com baixa autoestima, e assim por diante.
Eu
não quero erguer aqui uma bandeira do feminismo, até porque eu não concordo com
este movimento social em muitos aspectos. Mas me senti encorajada a escrever
sobre isto, porque estou percebendo que as pessoas do mesmo sexo que eu, estão
se sentindo cada vez mais em dúvida e inseguras, em um mundo onde ser perfeito
é imposto todos os dias. Paremos para pensar. Nós mulheres, nós mesmas, nos
cobramos um monte de coisas, impondo-nos comportamentos, posturas e metas nem
sempre possíveis de alcançar. Tá certo que muito dessa pressão é imposta por
uma mídia fútil, que tem como objetivo gerar pessoas fúteis e superficiais, mas
eu acredito que essa pressão vem lá de trás, da infância. Quem nunca teve um
irmão ou um primo levado da breca e, querendo imitá-lo nas travessuras, ouviu
aquela célebre bronca: “Isso é coisa que uma mocinha faça?”. Ah eu tinha ódio
desse discurso! Até porque as brincadeiras mais emocionantes, como andar de
carrinho rolimã, tocar a campainha dos coitados dos vizinhos e sair correndo
(ah, quem nunca?), soltar pipa, etc. eram “masculinas”.
A partir de tudo isso, crescemos com aquele rótulo, sempre imposto
pela sociedade e praticamente engolido à força por muitas de nós: temos que ser
delicadas, meigas, temos que ser bonitas (o que é praticamente um instinto
natural e um passo para a escolha para a reprodução), inteligentes,
independentes financeiramente, férteis (como diz Eliane Brum no seu artigo “O
mito da fertilidade”, temos que ser uma versão sarada da Vênus de Willendorf –
vou fazer um post sobre este artigo mais para frente), temos que ser seguras de
nós mesmas, temos que manter a casa sempre em ordem (e nesse ponto eu me sinto
péssima, porque sou uma “falhante” eterna), temos que estar sempre cheirosas
para o maridão (porque né! a concorrência está brava), temos que ser
compreensivas, econômicas (mas claro, sem ficar repetindo roupa toda hora),
temos temos temos. E temos porque um dia quisemos. Porque um dia lutamos para
isso. E eu nunca pedi essa luta. Não concordo com ela, não acho que ela me
representa em alguns sentidos.
Eu não pedi para ter uma jornada tripla de trabalho, nem de ter
que me mostrar sempre forte, decidida e independente. Eu não quero ser julgada
pela minha roupa, pelo meu trabalho, pela minha inteligência, nem pela
organização da minha casa. Eu quero ser compreendida e amada pelo que eu sou lá
por dentro desta casca que eu – e acredito que todas nós – tivemos que criar ao
longo dessas décadas. Demos um chute no rótulo “sexo frágil”, mas e ai? Será
que ainda não o somos? Eu sou. E muito. Vocês nem imaginam o quanto.
Isadora TF
(Observação: As opiniões expressas neste post são extremamente
pessoais, não sendo uma verdade nem tendo a intenção de sê-la. Não se pretende
aqui julgar o feminismo sob todos os aspectos, apenas sobre aqueles pelos quais
a autora discorre, ou seja, a pressão sobre as mulheres).
Pois é Isa, na busca pela nossa liberdade, parece que nos enclausuramos. Qual o caminho da volta? Como podemos corrigir essa rota?
ResponderExcluirAlguém arrisca um palpite?
Nadar contra a maré é de fato mais cansativo, mas creio ser mais compensador, estou há três décadas contra a maré. Já sofri, talvez ainda sofra e não queira assumir, mas acho que vale. Na sociedade humana é interessante como as coisas vão de extremos à extremo, como um pendulo que você solta, vai de um lado direto ao outro. A minha esperança é que assim como o pendulo com os tempos as coisas se estabilizem ao centro. Acredito que está difícil sim está mas sutilmente as coisas estão melhorando, creio que nossas mães e avós talvez tenham passado muito mal com o machismo da época delas - minha vó por exemplo não pode estudar - hoje estamos no intermediário: com conquistas mas ainda com a sobrecarga. Quem sabe as próximas gerações? talvez uma das variáveis seja nós os conscientizarmos e darmos o exemplo.
ResponderExcluirEngel, torço para que esse equilíbrio chegue logo. Mas de fato, devemos admitir que já houve tempos piores...
ExcluirEstamos progredindo.
Grande abraço!
Tudo foi mudando com o tempo, mais do que natural!! masss, nós somos além de expectadoras, somos a protagonista nesse cenário!! Temos que nos adaptar as mudanças e correr de um lado para o outro em busca de adaptações e acima de tudo fazermos jus a nossa fama de mulheres fortes!ou seja sermos perfeitas!. Tanto aos olhos da sociedade como aos olhos da nossa própria família que nos cerca e que nós amamos tanto!! ufa.. temos que dar conta de tudo afinal...tema de longas horas de conversa!! bjo
ResponderExcluirTudo tem seu preço, né?!
ExcluirE o diálogo e a troca de idéias são fundamentais para aperfeiçoar esse processo de conquistas.
Abração!
Ual! Falou tudo!
ResponderExcluirE ainda fazemos tudo isso de salto alto!! rsrs...
Até eu que não trabalho, só estudo (em tempo integral em uma faculdade onde tenho que andar mais de 2km para me locomover de um prédio para o outro) mal tenho tempo para cuidar das minhas unhas! :( #chateada
Beijos!
Por Renatinha Araújo.
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É Renatinha... não tá fácil pra ninguém!
ResponderExcluirMas se não fizermos algo, ninguém fará por nós, então... à luta!
Sempre!
Bjo!